terça-feira, 27 de julho de 2010

Capitais da Música - Parte I

De tempos em tempos, alguma cidade, que devido a uma série de fatores históricos, sociais, artísticos e econômicos, se torna palco do nascimento e desenvolvimento de um determinado gênero musical que acaba conquistando legiões de fãs mundo afora.
Essas manifestações musicais começaram a ficar evidentes no século XVI, quando a música virou uma das artes mais admiradas nas aristocracias europeias. No século 20 a música popular ganha força, e várias cidades destacam-se como polos produtores e irradiadores dos gêneros musicais contemporâneos mais conhecidos. São o que podemos chamar "capitais da música". Postaremos aqui 14 das mais importantes capitais da músicas, em dois posts. Aí vão as sete primeiras:


Viena – música erudita

A capital da Áustria é considerada a primeira capital musical do planeta. Entre os séculos XVII e XIX, nomes como Strauss, Schubert, Mozart, Beethoven, Brahms, Schönberg e Mahler viveram em algum momento em Viena e lá compuseram algumas de suas principais obras musicais. Nos teatros vienenses aconteceram as primeiras execuções de obras-primas como a nona sinfonia de Beethoven. Viena tem até hoje o título de “berço da música erudita” e para, justificar isso, sua programação cultural inclui os principais festivais internacionais de música clássica.

viena
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Estátua de Mozart em um Parque de Viena


Nova Orleans – Jazz

No fim do século XIX, no continente norte-americano, os spirituals cantados pelos escravos começaram a se fundir com a música trazida pelos imigrantes europeus. Desse sincretismo surgiu uma música improvisada, cheia de blue notes. Os primeiros músicos de jazz, como "Buddy" Bolden, "King" Oliver e Louis Armstrong tocavam em Nova Orleans e foi de lá que difundiram o novo gênero. Berço do jazz, Nova Orleans é uma das cidades mais musicais do planeta com casas e festivais que reúnem diferentes gêneros que deram origem ou derivaram do jazz, como o blues, o rock e o funk.

nova orleans
nova orleans

Rio de Janeiro – Samba e Bossa Nova

Os migrantes baianos que foram morar no Rio de Janeiro, então capital federal, em busca de trabalho, no final do século XIX, levaram com eles o hábito de fazer festas onde as pessoas reuniam-se para compor, tocar, cantar e dançar. A mistura dos ritmos africanos herdados pelos baianos com os da moda no Rio de Janeiro no começo do século 20, como o maxixe e a polca, resultaram no que ficou conhecido como samba. Quase cinco décadas depois, um grupo de jovens da elite carioca faria a fusão do samba com o jazz e criaria um novo gênero musical, fortemente identificado com o estilo de vida carioca, chamado de bossa nova.
O samba logo se difundiu e hoje somos considerados o “país do carnaval”, e no Rio de Janeiro ainda é possível encontrar diversos bares e casas de música ao vivo com bandas de bossa nova.




Buenos Aires – Tango

O mais famoso gênero musical argentino e uruguaio nasceu no final do século XIX em Buenos Aires e Montevidéu. Mistura de vários ritmos populares, o tango surgiu provavelmente nos cabarés e prostíbulos das duas principais cidades nas margens do Rio da Prata. De origem operária, a dança e a música do tango logo conquistaram a elite argentina, principalmente a partir do sucesso do gênero em Paris no começo do século 20. Buenos Aires tornou-se capital mundial do tango quando o maior artista do gênero, o cantor Carlos Gardel, a adotou como sua cidade natal e também pelo fato do músico e compositor argentino Ástor Piazzolla ter renovado o gênero nos anos 50. O tango que nasceu com um ritmo provocador e letras obscenas ganhou profunda identificação com a capital argentina, que tem nas apresentações musicais e nos locais históricos relacionados ao gênero algumas de suas principais atrações turísticas.



Nashville – Country

O country, gênero que nasceu no sul rural dos Estados Unidos na década de 20, é o que dá a Nashville o título de capital da música country. Sede das principais gravadoras e lar de Johnny Cash, a cidade abriga também o Grand Ole Opry, o mais famoso programa de rádio sobre música country nos Estados Unidos. Graças a ele, Nashville projetou-se como a capital do gênero desde meados dos anos 40. Foi lá também que o country começou a ganhar contornos mais comerciais nos anos 50, devido a sua fusão com elementos da música pop, resultando numa variação conhecida como "som de Nashville", que conquistou grandes audiências na década de 60.



Kingston - Reggae

A combinação da música folclórica jamaicana com o jazz resultou nos anos 50 numa diversidade de sons tipicamente jamaicanos como o ska e o rocksteady, que ficaram internacionalmente conhecidos como reggae. Associado ao movimento social-religioso rastafári, o reggae emergiu principalmente nos guetos de Kingston, capital da Jamaica. O gênero foi uma forma de expressar os principais ideais do rastafári e a partir de Kingston ele conquistou uma grande audiência internacional nos anos 60 e 70, influenciando vários grupos, como o The Police, The Clash, Special e Madness. Bob Marley, o maior expoente do reggae jamaicano, mudou-se para Kingston quando tinha dez anos de idade. Ele viveu na favela de Trenchtown, onde desenvolveu seu interesse pela música. Foi graças ao trabalho de Marley com os Wailers, sua banda, que o regage popularizou-se na Jamaica e no exterior.



Memphis – Rock

No começo do século 20, Memphis era uma das principais cidades do sul dos Estados Unidos e no meio do caminho da migração da população negra que fugia da pobreza em direção ao norte. Por conta disso, a cidade abrigou vários artistas sulistas de blues, como o lendário Robert Johnson, transformando-se, assim como Nova Orleans, numa das capitais da música negra norte-americana. Apesar de várias canções que já traziam elementos que caracterizaram o rock terem surgido em diferentes locais dos Estados Unidos no começo da década de 1950, foi em Memphis que o gênero definitivamente ganhou a projeção que o transformaria no mais popular de todos os tempos, e dois fatores foram fundamentais para isso: Elvis Presley e a gravadora Sun Records. Foi lá que o talento de Elvis foi descoberto pelo visionário produtor musical Sam Phillips, proprietário da Sun Records, e apresentado ao novo gênero, que fundia basicamente blues e country. O sucesso fez de Elvis Presley o principal responsável pela difusão do rock e fez de Memphis a primeira capital do gênero.



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